Entre tantas provocações que nos traz a pós-modernidade, certamente, a ideia de RESPEITO é uma bem importante. Mas seria inevitável acrescentar logo no início deste texto a REDUÇÃO DO EGO e a VAIDADE. Para que este artigo fique mais claro para alguns, estou considerando a ideia de desconstrução de conceitos que eram sólidos, como hierarquia, liderança, relacionamento, controle, privacidade, entre outros. Reforço o pensamento de ruptura com o tempo, com o espaço e com as coisas e do surgimento de algo novo, transformador que só conhecemos parcialmente.
O ambiente organizacional, principalmente a partir dos anos 90, vem sendo afetado por esta nova dinâmica de processamento, potencializada pelas novas tecnologias da informação e da comunicação. O surgimento de verdadeiras potências no campo empresarial, como Apple, Google, Facebook, Microsoft marcam este novo cenário da economia e sociedade.
São muitos os desafios organizacionais atuais e todos passam pela CULTURA. Entre eles, podemos destacar: conhecimento e informação como formas mais importantes de capital da organização; crescente expectativa dos colaboradores por trabalho significativo e oportunidades de crescimento pessoal e profissional; perspectivas do passado que não fornecem um mapa para conduzir as organizações atuais; gerentes que podem e devem projetar e conduzir novas respostas para um mundo radicalmente novo. Estes aspectos reafirmam que o ser humano é o principal canal dos acontecimentos nas organizações, sendo a interação humana questão primordial.
Não basta dizer que é inovador, é preciso transformar a cultura. O Vaticano e a Monarquia Britânica, por exemplo, estão na internet e buscaram dar certo frescor aos seus discursos. Mas, efetivamente, não se tornaram contemporâneos, não adotaram uma “postura 2.0”, um “modelo 2.0”. Mas o que seria isso? Bem, levantaria aqui alguns pontos, tais como acesso e disponibilidade; igualdade; envolvimento; interação; construção coletiva e colaboração; saber ouvir, responder, agir e interagir; respeitar e reduzir o ego; reduzir o controle; desintermediar e horizontalizar as relações.
A tarefa não é fácil. Mudar a cultura é algo, de verdade, desafiador. Novos paradigmas marcam fortes mudanças sociais.Muitos não suportam e ficam pelo caminho. Há sempre uma primeira tentativa de utilizar o novo como se fosse igual ao anterior. Mas o novo apenas potencializa, mas não concretiza nada. A chegada do novo que quebra paradigmas induz mudanças na maneira de gerar conhecimento. Adifusão do novo não é natural, tem de ser incentivada. E umas das principais lições: um grupo conservador sempre tentará minimizar o potencial do novo.
Para brincar com as palavras e com os significados das coisas, organizaria assim a lógica 1.0 para a 2.0 nas organizações: o empregado vira colaborador; o público interno se torna ator multidimensional; a luta pelo poder dá lugar para a mudança de poder; a centralização sai de cena para a entrada da descentralização; as estruturas gigantes viram unidades móveis; a competição agora é cooperação; no lugar da informação entra o diálogo; o diretor se torna um facilitador; o estilo administrativo é trocado pelo empreendedor; o foco sai da hierarquia e vai para o talento; a burocracia dá lugar para caminhos livres; as ordens viram construção de alianças; a lógica linear agora é desruptiva; a obsessão pela redução de gastos é paixão pela criação de valor.
Enfim, a pós-modernidade, impulsionada pela internet, nos ajuda a desmascarar o cinismo que muitas vezes pautou as organizações. O mundo, inclusive o organizacional, tem demandado mais RESPEITO às ideologias, crenças, valores, TRANSPARÊNCIA e DIÁLOGO. Quem ainda permanece no Olimpo deve repensar a sua função social e até o seu modelo de negócios. Quem não souber fazer a leitura da realidade - não apenas com os juízos aprendidos no passado -, possivelmente se limitará a viver um futuro sem protagonismo.
Um blog de comunicação empresarial e pública, dedicado aos estudos e reflexões sobre o universo digital
terça-feira, 27 de setembro de 2011
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Telefone celular: uma convergência de mídias para interação com públicos
Este artigo reproduz uma pequena ideia de um recente trabalho de pesquisa que fiz lá para o Digicorp/USP. Nele, há conceitos e provocações de autores como André Lemos, Pellanda, Sherry Turkle, Baudrillard; Kerckhove, entre outros.
A evolução das telecomunicações e das tecnologias digitais traz à cena um novo meio/veículo de comunicação: o telefone celular. Reunindo muitas funções - não mais concentradas na realização e recebimento de chamadas -, ele se apresenta como poderosa ferramenta de comunicação e relacionamento, a partir de serviços baseados em internet e geolocalização. Nem um outro aparelho hoje consegue agregar tantas funções em torno de uma rima que nos leva a refletir sobre o que é convergência: mobilidade, portabilidade, multimedialidade, interatividade, conectividade...
O telefone celular permite a interação de marcas com seus stakeholders, por meio da própria customização de aparelhos e de aplicativos que funcionam como a porta de entrada para web para tudo aquilo que é realmente importante para o usuário. Ele representa uma oportunidade em um espaço hibrido que contempla processos comunicacionais complexos e em constante simbiose, em que o real e o virtual se fundem, levantando inclusive novas questões sobre conceitos de estética - linguagem, formatos e modelos.
O pano de fundo desta tendência é a emergência de uma sociedade móvel e conectada, com uma variedade enorme de fontes de informações e meios de comunicação. Além disso, nota-se uma forte campanha em torno da necessidade de as pessoas estarem sempre conectadas, prontas a estabelecer novas interações sociais. E os números reforçam isso. Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o Brasil tem mais de 220 milhões de aparelhos, uma densidade de 113 dispositivos para cada 100 habitantes.
Quando interagem por meio das tecnologias disponíveis nos telefones celulares, as pessoas testam diferentes formas de narrativas em que são experimentadas modalidades incomuns para suas vidas. Ele é um objeto de consumo que funciona como uma prótese altamente personalizada. O tipo, o modelo, a cor mudam de acordo com a velocidade das renovações tecnológicas e estilos da moda. A personificação está na base dos processos identificatórios que fortalecem laços emocionais. Não é casual a ênfase com que tantas pessoas declarem sem timidez seu apego ao celular. Isso ajuda a explicar o ritmo de crescimento no consumo.
E a personificação não está apenas nos aspectos externos do equipamento, mas muito mais propriamente na capacidade que cada usuário desenvolve para se apropriar e reinventar os recursos do celular pelo modo de usá-lo. Cada pessoa trata o seu aparelho de uma maneira diferenciada e muito pessoal. Mais uma das razões para explicar a velocidade na expansão de seu uso.
Os celulares já se tornaram apêndices do corpo na vida diária e estão sendo cada vez mais suplementados com poderes computacionais crescentes, indicando a iminente integração da computação ao corpo por meio da miniaturização.
Aliás, nas últimas décadas a reflexão em torno da oposição humano/máquina, suscitada pelo rápido desenvolvimento da tecnologia, criou um efeito inverso: passamos a pensar na nossa humanidade através do computador ou do celular. Humano e máquina situam-se assim lado a lado, sendo cada vez mais subjetiva a diferença que construímos entre ambos. Interessante refletir que a última fronteira da relação biotécnica entre o homem e a máquina pode ser a interface.
Outro aspecto desta questão é o efeito lúdico. Na vida experimentada em aparelhos celulares, ou seja, quando estamos trocando mensagens de texto ou vídeo, acessado aplicativos ou interagindo nas redes sociais digitais, podemos criar personagens que interpretamos e com os quais nos podemos identificar, mais ou menos, na vida offline. Mantemos um desempenho de acordo com esse personagem. Esta cultura permite-nos pensar na nossa própria identidade como sendo fluída, múltipla e complexa. Um exemplo é a possibilidade de adotar um gênero diferente ou ambíguo online e a necessidade que muitos sentem de fazê-lo, seja ampliando suas possibilidades de atuação, seja possibilitando a realização de fantasias que aceitamos que se concretizem apenas num mundo virtual, entendido como uma suspensão da realidade.
Ao devolver aos indivíduos o papel de destaque, de protagonismo no processo de troca de informações, os celulares parecem tornar-se a melhor opção para interligar pessoas e coisas. E as empresas devem olhar para este importante movimento, investindo neste tipo de mídia, para se conectar com seus stakeholders diretamente, de forma desintermediada, atingindo, sobretudo, consumidores quase sempre ávidos pela possibilidade de uma experiência interativa com suas marcas favoritas.
De nada adianta, na era digital, que uma organização ofereça bons produtos ou serviços. Ela precisa também estabelecer um vínculo com as pessoas, seja qual for público. É preciso interagir, dialogar e inovar nas formas de comunicação. Assim como a Internet tornou-se instrumento de uso obrigatório para as empresas se manterem no mercado em um passado recente, pode-se dizer que o uso celular como ferramenta de comunicação passou a ser diferencial competitivo para as marcas que queiram sair na dianteira frente à concorrência.
A evolução das telecomunicações e das tecnologias digitais traz à cena um novo meio/veículo de comunicação: o telefone celular. Reunindo muitas funções - não mais concentradas na realização e recebimento de chamadas -, ele se apresenta como poderosa ferramenta de comunicação e relacionamento, a partir de serviços baseados em internet e geolocalização. Nem um outro aparelho hoje consegue agregar tantas funções em torno de uma rima que nos leva a refletir sobre o que é convergência: mobilidade, portabilidade, multimedialidade, interatividade, conectividade...
O telefone celular permite a interação de marcas com seus stakeholders, por meio da própria customização de aparelhos e de aplicativos que funcionam como a porta de entrada para web para tudo aquilo que é realmente importante para o usuário. Ele representa uma oportunidade em um espaço hibrido que contempla processos comunicacionais complexos e em constante simbiose, em que o real e o virtual se fundem, levantando inclusive novas questões sobre conceitos de estética - linguagem, formatos e modelos.
O pano de fundo desta tendência é a emergência de uma sociedade móvel e conectada, com uma variedade enorme de fontes de informações e meios de comunicação. Além disso, nota-se uma forte campanha em torno da necessidade de as pessoas estarem sempre conectadas, prontas a estabelecer novas interações sociais. E os números reforçam isso. Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o Brasil tem mais de 220 milhões de aparelhos, uma densidade de 113 dispositivos para cada 100 habitantes.
Quando interagem por meio das tecnologias disponíveis nos telefones celulares, as pessoas testam diferentes formas de narrativas em que são experimentadas modalidades incomuns para suas vidas. Ele é um objeto de consumo que funciona como uma prótese altamente personalizada. O tipo, o modelo, a cor mudam de acordo com a velocidade das renovações tecnológicas e estilos da moda. A personificação está na base dos processos identificatórios que fortalecem laços emocionais. Não é casual a ênfase com que tantas pessoas declarem sem timidez seu apego ao celular. Isso ajuda a explicar o ritmo de crescimento no consumo.
E a personificação não está apenas nos aspectos externos do equipamento, mas muito mais propriamente na capacidade que cada usuário desenvolve para se apropriar e reinventar os recursos do celular pelo modo de usá-lo. Cada pessoa trata o seu aparelho de uma maneira diferenciada e muito pessoal. Mais uma das razões para explicar a velocidade na expansão de seu uso.
Os celulares já se tornaram apêndices do corpo na vida diária e estão sendo cada vez mais suplementados com poderes computacionais crescentes, indicando a iminente integração da computação ao corpo por meio da miniaturização.
Aliás, nas últimas décadas a reflexão em torno da oposição humano/máquina, suscitada pelo rápido desenvolvimento da tecnologia, criou um efeito inverso: passamos a pensar na nossa humanidade através do computador ou do celular. Humano e máquina situam-se assim lado a lado, sendo cada vez mais subjetiva a diferença que construímos entre ambos. Interessante refletir que a última fronteira da relação biotécnica entre o homem e a máquina pode ser a interface.
Outro aspecto desta questão é o efeito lúdico. Na vida experimentada em aparelhos celulares, ou seja, quando estamos trocando mensagens de texto ou vídeo, acessado aplicativos ou interagindo nas redes sociais digitais, podemos criar personagens que interpretamos e com os quais nos podemos identificar, mais ou menos, na vida offline. Mantemos um desempenho de acordo com esse personagem. Esta cultura permite-nos pensar na nossa própria identidade como sendo fluída, múltipla e complexa. Um exemplo é a possibilidade de adotar um gênero diferente ou ambíguo online e a necessidade que muitos sentem de fazê-lo, seja ampliando suas possibilidades de atuação, seja possibilitando a realização de fantasias que aceitamos que se concretizem apenas num mundo virtual, entendido como uma suspensão da realidade.
Ao devolver aos indivíduos o papel de destaque, de protagonismo no processo de troca de informações, os celulares parecem tornar-se a melhor opção para interligar pessoas e coisas. E as empresas devem olhar para este importante movimento, investindo neste tipo de mídia, para se conectar com seus stakeholders diretamente, de forma desintermediada, atingindo, sobretudo, consumidores quase sempre ávidos pela possibilidade de uma experiência interativa com suas marcas favoritas.
De nada adianta, na era digital, que uma organização ofereça bons produtos ou serviços. Ela precisa também estabelecer um vínculo com as pessoas, seja qual for público. É preciso interagir, dialogar e inovar nas formas de comunicação. Assim como a Internet tornou-se instrumento de uso obrigatório para as empresas se manterem no mercado em um passado recente, pode-se dizer que o uso celular como ferramenta de comunicação passou a ser diferencial competitivo para as marcas que queiram sair na dianteira frente à concorrência.