quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Investidores salvam mais um jornal

Desta vez, é o grupo espanhol Prisa, que controla o jornal El País, que recebeu o investimento de 900 milhões de euros. Agora, os donos do diário terão participação reduzida para 30% das ações. O investimento foi feito pelos empresários Nicolas Berggruen e Martin Franklin - os mesmos que já tinham comprado parte do francês Le Monde.


A imprensa tem perdido a sua força e influenciado cada vez menos. Teorias como a da Agenda Setting estão sendo desconstruídas. Pergunte a um jovem se ele teve a oportunidade de ler as revistas semanais ou um dos grandes jornais do país. Provavelmente, receberá um não como resposta. Mas questione o mesmo indivíduo se ele já publicou algo no Twitter ou atualizou seu Facebook. Provavelmente, já.

É a redistribuição e realocação dos poderes de derretimento. São as novas faces do mundo reveladas pela pós-modernidade.O derretimento dos sólidos, a desconstrução das convenções sociais estabelecidas do passado - éticas e morais - e a proposta de criação de uma nova ordem. Nem um molde está sendo quebrado sem que seja substituído por outro.






sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Lula e o Bolsa Família. O bem-estar de muitos

O presidente Lula vive uma condição privilegiada. Ele é protagonista tanto lá fora como por aqui em terras tupiniquins. Aliás, a grande maioria da sociedade brasileira o aprova. Nunca na história desse país, um governante teve uma popularidade tão alta. Segundo a CNI/Ibope, seu governo é considerado ótimo ou bom por 77% dos brasileiros. Ele é mais bem avaliado na região Nordeste, com 83%, e a menor aprovação vem do Sul, onde ele tem 71%.

Ele parece ser o cara! Mas a explicação dessa popularidade não está no fato de ele pertencer a uma das mais populares torcidas do país, a do Corinthians. Ela pode estar no Bolsa Família, principal programa de transferência de renda, que atende a 12 milhões de famílias. Isso que dizer que cerca de 60 milhões de pessoas no Brasil se beneficiam diretamente dessa iniciativa, que já foi legitimada pela população.
Julgando o fato pelos princípios de Bentham podemos dizer que os brasileiros estão aprovando o Lula, porque o Bolsa Família está aumentando a felicidade de um maior número. As ações são julgadas certas, neste caso, pela virtude de suas conseqüências. Mais gente está consumindo e comendo! A única conseqüência que permite atribuir à iniciativa que lhe ensejou um valor positivo é a quantidade de bem-estar que dela decorre. O bom efeito não está no êxito do Lula, mas na alegria de milhões de brasileiros.

Esse consequencialismo, baseado na felicidade do maior número, reflete uma moral finalista. Se recorrêssemos a Maquiavel, poderíamos dizer que o Bolsa Família não vale por ele mesmo, mas pelos seus efeitos e pele felicidade do agente, ou seja, do Lula. O efeito bom para qualquer ação é permitir a quem age, no caso o presidente, obter o que pretendia.

Portanto, Lula agiu bem porque determinou um efeito coincidente com o que pretendia quando lançou o Bolsa Família, se julgarmos que ele desejava poder político, reconhecimento e legitimidade. Agiu bem porque se deu bem, porque conseguiu o que queria. E como Lula se deu bem! Como nunca, acho. Para completar sua potência, falta um título no ano do Centenário do Corinthians. É isso!


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Quando Tiririca é legião

O "caso Tiririca", fartamente discutido na mídia e em rodas de opinião, merece alguma reflexão, não apenas quanto à bizarrice dos comportamentos eleitorais, mas também sobre como raciocinam as elites, repercutidas em última análise pelo senso comum e pela imprensa.
Para começar, um comentário que nos aconteceu fazer em resposta à demanda de um repórter (O Globo, 26/9). É de hábito, nesse tipo de abordagem telefônica, que o entrevistado fale muito, na expectativa de uma plena explicação impressa do que disse. O publicado foi apenas uma pílula explicativa, mas fiel em sua curteza: aventamos a hipótese de um ativo lado estético nessa manifestação de preferência política chamada voto.

A rigor, o fenômeno estético começa desde as táticas propagandísticas dos candidatos a postos eletivos, na medida em que legitimam o seu pleito por marketing ou por interpelações afetivas. Nos dois casos se aciona o emprego racionalista do afeto por meio da retórica, isto é, pela arte da expressão e da persuasão empregada como técnica política, graças a seus efeitos de instrumentalização e controle dos discursos. A retórica serve para convencer, no sentido racionalista do termo, e para agradar ou adular, o que dá a medida de seu escopo afetivo ou irracional. Em linhas gerais, serve para comunicar ideias e emoções, produzindo sensações.

Baixaria e trivialidade

A retórica e, portanto, a estética, sempre esteve presente no âmago do fenômeno político, embora em graus diversos de intensidade. Não raro, a distância temporal permite-nos ver que usuários da retórica política no passado, tidos como sujeitos de "extraordinários" dotes oratórios, parecem-nos hoje simplesmente grotescos. Hitler, por exemplo: nada de realmente excepcional em seus discursos, hoje analisados em filmes e gravações, exceto o fato de que o orador constituía uma espécie de "canal sinergético" para as massas alemãs ávidas por um líder que as resgatasse das históricas humilhações militares e econômicas. Ao modo de um pregador religioso fanático, o führer dizia o que a multidão queria escutar.

Ou então, ao modo (soft) da mídia. É justamente um filósofo alemão, Peter Sloterdijk, quem enxerga na identificação do público alemão com o führer algo semelhante à da audiência com a sua mídia, a tal ponto que um termo entra em curto-circuito com o outro, bloqueando quaisquer funções críticas. Diz ele: "O segredo do führer de antes e dos astros de hoje consiste no fato de que são semelhantes a seus mais apáticos admiradores. (...) Ele possuía, quando desejava, a ordem imperativa da baixaria. Não entrou em campo em função de algo extraordinário, e sim, por sua inequívoca grossura e pela manifestação de sua trivialidade."

É óbvio que a conjuntura histórica da Alemanha hitlerista não tem nada a ver com o funcionamento das tecno-democracias de hoje, seja na Europa ou nas Américas, mesmo nos casos de conhecidas tentações caudilhescas. Mas a baixaria e a trivialidade continuam exercendo papéis centrais na semiose (processo geral de comunicação) midiática, assim como em outros processos de multidão acionados pela retórica, como acontece em campanhas eleitorais.

O desvio da normalização político-eleitoral

Faz-se cada vez mais presente o grotesco, entendido como categoria estética que dá conta do riso nos fenômenos de fronteira entre o que consensualmente se define como o "normalizado" e o desregramento civilizatório, ou então entre o humano e inumano. Ao repórter do Globo, referimo-nos à oposição entre a estética "da cintura para cima" – que caracteriza os comportamentos normalizados e potencialmente sublimes – e a estética "da cintura para baixo", relativa ao humus da terra, portanto, ao humilde, ao popularesco ou ao que se presta ao fácil entendimento.

A principal figura de retórica pertinente a essa estética é o bathos, que implica o rebaixamento de uma estrutura qualquer com vistas à sua maior comunicabilidade. Não se trata de um preconceito culturalista, como se a "alta cultura" estivesse olhando de cima para baixo a cultura popular. O rebaixamento é a figura retórica da facilitação. Cujo exagero constituiu um recurso importante na formação do público de massa da televisão brasileira e continua a funcionar, aqui e no exterior, como fator de aglutinação de audiências. Um público enorme é inequivocamente parceiro desse bathos de duvidosas intenções.

Mas há uma grande dose de hipocrisia no interesse da mídia e de grandes frações de público pela figura do candidato Tiririca. Em princípio, o riso contrafeito resultaria dos tiques grotescos do personagem detectáveis em atitudes e frases (do tipo "Tiririca, pior do que está não fica"). O riso dos "cultos" seria uma espécie de auto-vacina contra o presumido desvio da normalização político-eleitoral.

O riso do grotesco

O grotesco é quase sempre, porém, um "arranhão" na crosta dos protocolos sociais, é uma visão incômoda do abismo das aparências superficiais. De fato, pode ser muito incômodo tomar consciência de que, em zonas de sombra do que vimos chamando de "espaço público", o máximo de "democracia" pode ser aquilatado pelo mínimo de qualificação humana, como tem demonstrado o Big Brother Brasil: o indivíduo sem nenhuma qualidade social é a estrela do show, é como se a palavra boçalidade precisasse de três "bês" (BBB) para ser grafada.

Não raro, a poesia expõe esse tipo de incômodo melhor do que a prosa de argumentos, a exemplo do excelente poeta mineiro Ricardo Aleixo, que indaga: "O que faz de um humano, humano? (...) Os sonhos dos políticos são da mesma matéria de que são feitos os sonhos dos humanos?"

Por isso se observa uma difusa tensão, nada engraçada, decorrente da suspeita, não claramente enunciada, de que se possam contar às centenas os casos tipificados como "grotescos" no panorama eleitoral. Age-se como se Tiririca fosse único, como se fosse um grande "outro". No entanto, à frente (na televisão), nos lados (nos cartazes de rua), no corpo-a-corpo de candidatos, o grotesco espreita, apenas travestido de uma retórica escolarizada, com sujeito, verbo e predicado – equivalentes gramaticais do paletó e gravata.

Aqui, com todo o rigor desse traje, o cara-de-pau ainda embaraçado nas malhas da Justiça anuncia-se como "ficha limpa"; ali, o candidato a deputado expõe o seu programa: "Nós é jeca, mas é jóia"; acolá, a candidata ao governo se atrapalha: "Temos que defender essa corrupção".

O riso do grotesco é sempre nervoso. O risco é nos darmos conta, como agora, de que Tiririca é legião.

Texto de Muniz Sodre, publicado originalmente no Observatório da Imprensa.

Opinião pública ainda existe?

Interessante provocação levantada pelo jornal O Globo, em  29/9/2010. Temos um processo de desconstrução de conceitos importantes e da própria teoria da Agenda Setting. O primeiro teexto é de Arnaldo Bloch.

Jornais, TVs, redes sociais, estado, Deus, urnas corporações: de quem é, hoje, a voz do povo?"Nós não precisamos de formadores de opinião. Nós somos a Opinião Pública" – disse o presidente Lula, dias atrás, num arroubo contra a imprensa, em meio ao último escândalo pré-eleitoral. "Nós quem, cara pálida?", opinou, na rede, no ar e no papel, uma parcela da sociedade. Dias depois, Lula já estava de novo exaltando a liberdade de expressão como coisa mais importante do mundo, numa dinâmica que vem se repetindo.

O fato é que o presidente tocou num tema relevante: se ela existe, em que se transformou a Opinião Pública numa era em que os jornais e as TVs, como fontes de informação relevante, se cruzam, no mesmo espaço, com o entretenimento, as redes sociais, instituições, corporações e vozes independentes de blogs, sites e indivíduos online? Que papel tem a educação do público nesta equação? Nas colunas de papel que se seguem, cinco nomes de primeira ordem no jornalismo e no pensamento das comunicações dão as suas opiniões e divergem sobre o assunto. Aos leitores, a escolha de ler e formar (ou não) a sua.

Discutível, como deve ser

A opinião pública é de um duplo sentido: quer no momento de sua formação, uma vez que não é privada e nasce do debate público, quer no seu objeto, a coisa pública. Como "opinião", é sempre discutível, muda com o tempo e permite a discordância: na verdade, ela expressa mais juízos de valor do que juízos de fato, próprios da ciência e dos entendidos.(...) A opinião pública não coincide com a verdade, precisamente por ser opinião. (Dicionário de Política, Norberto Bobbio)

O problema é de quem escreve

Alberto Dines

Nada mudou, a opinião pública não é uma entidade distinta, esotérica, antropomórfica, cheia de caprichos. Opinião pública é a sociedade que se manifesta. O conjunto que se comunica. Isto vale para todos os tempos, desde o momento em que o homem aprendeu a conviver – alguns querem saber mais e, sentindo que sabem mais, abrem-se à compulsão de se manifestar. São os tais formadores de opinião: comadres, fofoqueiros, falastrões, escribas, párias, imortais ou que nome tenham. Todos são formadores de opinião, os propriamente ditos e os por eles formados, o processo é contínuo, em duas mãos e inúmeras camadas.

A sociedade digital, "conectada", manteve a mesma estrutura básica. As chamadas "redes sociais" não fazem grande diferença porque dentro delas existem os mesmos núcleos e funciona o mesmo sistema. Alguns fazem-se ouvir mais, por diferentes razões, geralmente porque o que dizem, naquele momento, soa verdadeiro. Nosso problema hoje é outro: neste Fla-Flu eleitorial só se presta atenção aos títulos, ninguém quer saber de texto, contexto, hipertexto. Problema de quem escreve.

O espaço público foi para o espaço

Muniz Sodré

Há uma corrente de sociólogos que diz que a Opinião Pública não existe. Seria um objeto que depende de um corpo fechado de avaliadores. Jornalistas, especialistas, líderes de opinião, empresários. É, de fato, um discurso de enunciados presumidamente coerentes, homogêneos, "de consenso", extraídos da voz do espaço público.

Isso é algo ilusório. O espaço público existiu, sim, com força, nos séculos 18 e 19 em vários países da Europa e até no Brasil, onde o movimento abolicionista contou com o apoio de uma imprensa que talvez tenha sido a mais livre, com gente da categoria de Rui Barbosa e José do Patrocínio. Formadores, ou "Instrutores públicos", como diria Nietzsche.

O que foi acontecendo? Esse espaço foi se culturalizando, atravessado pelo entretenimento e pela cultura de massa. Ampliou-se, sem dúvida, mas perdeu a força política.

Porém, com o advento os meios digitais, redes sociais, a ideia do espaço público foi de vez para "o espaço" e ganhou uma reinterpretação privada.

Às vezes tem eficácia consensual, como nos casos da mobilização por Obama, da Ficha Limpa, ou o pessoal que se opõe em Davos. Mas na prática do dia a dia isso tem menos a ver com Opinião Pública.

É possível, mesmo, que as televisões e os jornais não tenham influência sobre esse espaço da rede. As pessoas que frequentam esta praça estão mais interessadas na blitz da lei seca, no passeio de bicicleta, do que em política.

Das praças gregas ao tribalismo

Antonio Rogério da Silva

A ideia de "opinião pública" é típica das sociedades modernas, onde a formação de grupos de interesses e a possibilidade de divulgação de suas posições se tornaram viáveis graças à existência dos meios de comunicação.

Entre os antigos helenos, que não possuíam outro meio além de fala e escrita em tabuinhas de cera, o espaço da "opinião pública" se restringia à "ágora" – praça principal das antigas cidades gregas – e às assembléias para votação de uma lei ou a determinação de uma pena jurídica. Poucos tinham direito a participar. Só os cidadãos masculinos livres podiam expressar sua opinião. A formação de grupos capazes de influenciar a maioria – sofistas, filósofos, famílias influentes etc. – levou algum tempo para ocorrer e, quando se deu, o regime da cidade autônoma (polis) já estava em decadência.

Nesse sentido, o fenômeno da opinião pública é uma característica dos estados modernos.

Por ser "opinião" (doxa) e não um conhecimento (episteme) consolidado, e "pública" ao invés de privada, seu conteúdo está sujeito a mudanças que acontecem com anúncio de novas informações relevantes e, devido à mobilidade social, com a momentânea filiação de um indivíduo a um grupo. Em casa, cada um pode ter uma posição que seja diferente da que tem no trabalho, no clube ou entre amigos.

Ao longo do tempo, a democratização dos meios de comunicação – sobretudo depois da Internet – permitiu que novas instituições e associações tivessem a sua opinião divulgada a um número maior de pessoas. Nas democracias, as livre expressão desses grupos permite também um esclarecimento rápido das falsas proposições, o que proporciona um enriquecimento do debate, em geral.

Entretanto, quando partidos políticos que alcançam o poder tentam impor suas opiniões como sendo a de todo uma população, com base em proclamados índices de popularidade, então a democracia corre riscos históricos de se transformar em demagogia, possibilitando o domínio dos "aduladores do povo" – como dizia Aristóteles – que tentam fazer valer seus interesses mesquinhos como se fossem de todos.

Textos reproduzidos no Observatório da Imprensa.

Uma empresa pode interferir na aparência de um funcionário?

Há poucas semanas, o Bradesco foi condenado, pela 7ª Vara do Trabalho de Salvador, a pagar R$ 100 mil de indenização por dano moral coletivo, por discriminação estética. O banco proíbe que os seus funcionários usem barba. Segundo a sentença, a proibição constitui “conduta patronal que viola inequivocamente o direito fundamental à liberdade de dispor e construir a sua própria imagem em sua vida privada”. O banco foi procurado pela reportagem do Canal Rh, mas preferiu não se pronunciar.

A ação do Bradesco levanta diversos questionamentos. O primeiro deles é: Será que a atitude tomada pela instituição é um caso isolado ou é algo comumente praticado? O assunto é tabu para a maioria das corporações e elas evitam falar sobre as políticas que aplicam em relação ao tema.

Porém o gerente de Projeto do Grupo Foco Talentos, Gustavo Nascimento, informa que a prática é relativamente comum nas empresas. Segundo ele, geralmente funcionários que precisam lidar diretamente com o público são cobrados de seus empregadores – muitas vezes de forma indireta - para ter um cuidado maior com a aparência, pois ela tem “impacto direto na impressão do cliente”. Ele aconselha que o empregado, dentro do ambiente de trabalho, se lembrar de que “cumpre um papel de profissional”.

Para a advogada trabalhista Ana Amélia Mascarenhas Camargos, o colaborador, no ambiente de trabalho, tem de seguir as regras do empregador. Entretanto, há um limite para essa interferência da empresa na vida da pessoa. Ana Amélia cita alguns exemplos julgados pela Justiça sobre o assunto, entre eles um processo movido contra o Banco Mercantil, instituição que não admitia que seus funcionários tivessem cabelos compridos, chegando ao ponto de mandar embora por justa causa aqueles que tinham tal aparência. Ao julgar o caso, a Justiça foi contra ao banco e proferiu: “Cabelos compridos nada contra, Cristo tinha”, lembra a advogada.

Outro caso comentado pela especialista foi um processo movido por ex-colaboradoras contra uma rede de lojas. Segundo elas, a empresa as demitiu depois de terem engordado. A empresa acusada de preconceito foi absolvida por falta de provas, dado que a subjetividade do caso.

Cabelo black power

Nascimento também conhece casos de discriminação no ambiente de trabalho em razão da aparência. Ele cita um caso que vivenciou, quando cuidava de um processo de trainee para uma empresa que não aceitava funcionários de cabelos compridos. Um dos candidatos tinha essa característica e iria ser eliminado do processo por isso. Então, o consultor conversou com o candidato, explicou a situação e este concordou em cortar os cabelos, e assim continuou concorrendo à vaga.

Outro exemplo citado por Ana Amélia refere-se a uma empresa do ramo farmacêutico. Um empregado da instituição possuía cabelo estilo black power; a área em que ele trabalhava era de assepsia total, obrigando-o a usar uma touca na cabeça. Ocorre que, devido ao volume de seu cabelo, não havia touca que servisse.

A empresa entrou em contato com o funcionário e explicou a necessidade de cortar os cabelos. Entretanto, ele argumentou que mantinha o visual por questões políticas e culturais. A empresa então chamou o sindicato e resolveram – em acordo entre todas as partes – mudar o profissional de setor, solucionando a questão.

De acordo com a advogada, a empresa não pode interferir na aparência do funcionário por motivos estéticos. Todavia, se o empregado possuir uma característica que, por algum motivo (não estético), afete o desenvolvimento de seu trabalho, a empresa pode agir.

Para resolver essa questão, Ana Amélia orienta os empregadores a buscar o diálogo. Ela sugere que as empresas expliquem aos seus funcionários as razões de suas decisões, deixando bem claro os motivos de determinadas características físicas serem proibidas, explicitando que certos detalhes da aparência podem atrapalhar na execução do trabalho.

Concordando com a importância do diálogo, Nascimento ressalta a necessidade das empresas sempre orientarem seus empregados, conversando com eles sobre o assunto. Segundo ele, uma conversa madura pode resolver o problema.

Artigo escrito por Fabiano Lopes e publicado originalmente no Canal RH.