Ainda na sala de aula do curso de graduação - já faz alguns anos - ouvi de um professor de administração um caso que poderia perfeitamente ser aplicado em momentos como o atual, de crise financeira global e recessão em vários mercados.
Um humilde homem começara um pequeno negócio, de venda de salgados e frutas, na beira de uma estrada. Distante dos boatos e das notícias sobre crise, conseguiu expandir seu comércio, que, mais tarde, se tornaria uma poderosa rede de restaurantes com atuação em diversas praças do país. O segredo? Muito trabalho. Pelo menos, 12 horas por dia, de domingo a domingo, e extrema habilidade para se comunicar com todos os seus públicos - de fornecedores a clientes.
O seu filho mais velho, que havia se mudado para a capital para estudar quando ainda era adolescente, se formara na universidade e retornara para casa, a fim de comandar os negócios de seu bem-sucedido pai. Na bagagem, um discurso que, para ele, era moderno e global. “Pai, temos de nos preparar para uma grave crise que está chegando da Ásia, reduzindo gastos operacionais e investimentos”.
As decisões impactaram, de imediato, as empresas, que começaram a registrar queda de faturamento, acumular prejuízos e, mais adiante, a reduzir de tamanho. O pai, que sempre acreditara na força de seu negócio e no poder de seu diálogo diz, perplexo com a situação, “filho, você tinha razão. A crise chegou mesmo”.
O que não sabemos, neste caso, é se a crise estava na tomada de decisão do jovem administrador, na sua atitude empresarial ou no cenário macroeconômico. Mas o que podemos afirmar é que os momentos difíceis passarão e as organizações bem geridas, com imagem positiva e boa reputação vão permanecer.
É, justamente, em momentos adversos, que as empresas devem mostrar aos seus stakeholders o quanto são sólidas, para não sofrerem com a onda de boatos e com o descrédito de seu negócio. Se a organização não ocupar seu espaço no debate, levando suas mensagens aos seus públicos, alguém fará isso por ela e em nome dela.
Adotar políticas de comunicação mais amplas em situações de crise assegura visibilidade e credibilidade aos negócios, podendo, inclusive, garantir a sobrevivência empresarial em um cenário mundial de descontrole da ordem financeira e econômica.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
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2 comentários:
Cara, ótimo texto mais uma vez. Concordo com seu ponto de vista. Acredita, porém, que as empresas aqui no Brasil têm uma visão de que em situações de crise é preciso investir para aproveitar oportunidades em vez de retrair a aplicação de recursos? Especialmente no que diz respeito a multinacionais, que determinam a redução de gastos a todo vapor. A propósito, essa era a discussão que causou a "briga" entre Nizan e Fabio Fernandes no evento do Meio & Mensagem. Prefiro ficar com o ponto de vista do Fabio, mas creio que o empresariado nacional fica mais com Nizan.
Abraço
Valeu, Edu. Bom te ver por aqui. Decidi escrever o artigo, justamente, porque acho que a resposabilidade de um discurso otimista e crítico também é dos profissionais de comunicação. Muito desta crise é especulação, boataria. Abs
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