quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A força da comunicação em situações de crise financeira mundial e recessão

Ainda na sala de aula do curso de graduação - já faz alguns anos - ouvi de um professor de administração um caso que poderia perfeitamente ser aplicado em momentos como o atual, de crise financeira global e recessão em vários mercados.

Um humilde homem começara um pequeno negócio, de venda de salgados e frutas, na beira de uma estrada. Distante dos boatos e das notícias sobre crise, conseguiu expandir seu comércio, que, mais tarde, se tornaria uma poderosa rede de restaurantes com atuação em diversas praças do país. O segredo? Muito trabalho. Pelo menos, 12 horas por dia, de domingo a domingo, e extrema habilidade para se comunicar com todos os seus públicos - de fornecedores a clientes.

O seu filho mais velho, que havia se mudado para a capital para estudar quando ainda era adolescente, se formara na universidade e retornara para casa, a fim de comandar os negócios de seu bem-sucedido pai. Na bagagem, um discurso que, para ele, era moderno e global. “Pai, temos de nos preparar para uma grave crise que está chegando da Ásia, reduzindo gastos operacionais e investimentos”.

As decisões impactaram, de imediato, as empresas, que começaram a registrar queda de faturamento, acumular prejuízos e, mais adiante, a reduzir de tamanho. O pai, que sempre acreditara na força de seu negócio e no poder de seu diálogo diz, perplexo com a situação, “filho, você tinha razão. A crise chegou mesmo”.

O que não sabemos, neste caso, é se a crise estava na tomada de decisão do jovem administrador, na sua atitude empresarial ou no cenário macroeconômico. Mas o que podemos afirmar é que os momentos difíceis passarão e as organizações bem geridas, com imagem positiva e boa reputação vão permanecer.

É, justamente, em momentos adversos, que as empresas devem mostrar aos seus stakeholders o quanto são sólidas, para não sofrerem com a onda de boatos e com o descrédito de seu negócio. Se a organização não ocupar seu espaço no debate, levando suas mensagens aos seus públicos, alguém fará isso por ela e em nome dela.

Adotar políticas de comunicação mais amplas em situações de crise assegura visibilidade e credibilidade aos negócios, podendo, inclusive, garantir a sobrevivência empresarial em um cenário mundial de descontrole da ordem financeira e econômica.

2 comentários:

Edu disse...

Cara, ótimo texto mais uma vez. Concordo com seu ponto de vista. Acredita, porém, que as empresas aqui no Brasil têm uma visão de que em situações de crise é preciso investir para aproveitar oportunidades em vez de retrair a aplicação de recursos? Especialmente no que diz respeito a multinacionais, que determinam a redução de gastos a todo vapor. A propósito, essa era a discussão que causou a "briga" entre Nizan e Fabio Fernandes no evento do Meio & Mensagem. Prefiro ficar com o ponto de vista do Fabio, mas creio que o empresariado nacional fica mais com Nizan.
Abraço

Anônimo disse...

Valeu, Edu. Bom te ver por aqui. Decidi escrever o artigo, justamente, porque acho que a resposabilidade de um discurso otimista e crítico também é dos profissionais de comunicação. Muito desta crise é especulação, boataria. Abs