quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O papel da mídia no caso Sarney

A decisão do Conselho de Ética de arquivar as denúncias contra José Sarney coloca ainda mais combustível na crise envolvendo o presidente do Senado e ex-presidente da República.

Neste processo, Sarney só tem uma saída, a despeito da grande ajuda que tem recebido do Planalto. Tem de deixar imediatamente a presidência do parlamento e provar à sociedade que não tem responsabilidades sobre as denúncias envolvendo o seu nome – ou não.

Crises do tipo “escândalo político patrimonial” têm como característica a cobertura da vida privada de políticos e de pessoas de seu estreito relacionamento. A temática deste escândalo no Brasil é a da corrupção. Outros já passaram por ela. Agora chegou a vez de Sarney, incluindo as pessoas que o cercam.

O arquivamento das denúncias também pode ser o ingrediente que faltava para estimular a imprensa a entrar de vez no imbróglio jurídico que tem censurado O Estado de S. Paulo. O jornal foi impedido pelo Judiciário de publicar reportagem denunciando Fernando Sarney, filho do presidente do Senado.

O envolvimento da mídia no caso tem sido tímido. Mas pode crescer muito. Toda a sociedade vem sendo duramente atingida pela liminar que proíbe a exposição das denúncias e o esclarecimento dos fatos. Não se trata de espírito de corpo, mas de organização da imprensa contra decisões abusivas que ameaçam a democracia.

A proibição revela a existência de mazelas da ditadura brasileira, que ainda permanecem por causa de atos sigilosos de parlamentares, que fazem da política a extensão de seus negócios e interesses privados. Aqui não se trata apenas de restrição à liberdade de imprensa e de expressão, mas de suposta interferência da família Sarney no Judiciário brasileiro.

A motivação da cobertura jornalística deste caso também é institucional. Envolve posicionamento público e social da própria mídia. O escândalo envolvendo Sarney serve para destacar a defesa do interesse público pelo jornalismo, que ao denunciar algumas práticas, se legitima como agente de vigilância das instituições e da sociedade. Ao trabalhar para elucidar os fatos, a mídia está destacando os valores éticos e morais aos quais pretende estar associada ou comprometida. Deve ser assim.

2 comentários:

Pedro Souza Pinto disse...

Olá Rodrigo, coloquei esse post entre os melhores da semana lá no Horizonte RP: http://horizonterp.ning.com/profiles/blogs/melhores-posts-de-rp-da-semana-1

Muito bom, parabéns!

Ocappuccino.com disse...

Assino embaixo e o que estamos vendo é a vitória da 'tropa de choque' so Senado e do Governo Executivo contra a sociedade e a representação da sociedade (a imprensa). Infelizmente nada irá mudar e ano que vem com eleições, nada mudará novamente. A palavra não vale mais nada, a ética já se extingui há tempos, o que foi a decisão do Mercadante? Discursou afirmando ser irrevogável deixar a liderança do partido no congressoe voltar atras depois de uma conversa com o presidente. Não falo de partido A ou B, mas de respeito a si, aos colegas e ao eleitor.

mateus