quinta-feira, 8 de maio de 2008

O lado ainda nebuloso das relações com blogueiros

Ao estudar a blogosfera vários questionamentos me vêm à luz, sobretudo, aqueles que dizem respeito às relações e ao comportamento. Uma empresa que pretende estabelecer um relacionamento profissional com um blogueiro, por exemplo, deve se sustentar nas mesmas regras e valores que permeiam a comunicação com a imprensa?

Na minha avaliação, a resposta é não. Jornalistas com formação acadêmica, em tese, têm a preocupação de ouvir e apurar as informações com todos os atores envolvidos no fato. Também não podemos deixar de mencionar o compromisso responsável com anunciantes e a audiência. Mas e os blogueiros que não possuem formação jornalística?

Apesar dos eventos e debates que têm reunido blogueiros, jornalistas, publicitários e interessados no tema, ainda não há convenções ou modelos que estabeleçam regras para as atividades das relações públicas e da publicidade na blogosfera. Grande parte das iniciativas neste novo ambiente tem sido realizada com base na experimentação, de forma empírica, com oscilações de resultados. Portanto ainda não temos respostas para pontos importantes.

Uma empresa poderia sugerir a publicação de uma errata em um blog, caso tenha sido atingida por alguma notícia inverídica? O que é mais importante no relacionamento de uma organização com um blogueiro: as boas relações ou a informação? Blogueiros estariam dispostos a entrevistar executivos?

Outro objeto de meu interesse é a monetização na blogosfera. Ela teria alguma relação com os padrões de ética que estamos acostumados? Um blogueiro poderia aceitar dinheiro de uma empresa para publicar uma notícia favorável sobre esta companhia? Ou ainda: este blogueiro publicaria uma informação negativa sobre uma empresa que tenha anunciado em seu blog? A proposta dos blogs, além de levar informações e entretenimento para seus leitores, é gerar receita para o blogueiro, seguindo o modelo de negócios de jornais e sites tradicionais?

Enfim, são algumas das muitas provocações que tenho tentado responder em meu trabalho de pesquisa sobre as relações entre blogueiros, empresas e agências de comunicação. Em breve, espero dividir com os leitores deste blog as respostas para a maioria destas dúvidas. Não quero julgar. Não há certo ou errado, bem ou mal, apenas a exploração, de minha parte, do que é novo e diferente.

12 comentários:

Luís Joly disse...

Como você disse, essa é uma área nova ainda. Estamos todos avaliando qual a melhor fórmula de aproximação com um novo público, que pode por vezes gerar mais influência que muitos veículos impressos.

Não há mágica; na prática, estamos conhecendo mais sobre essa nova plataforma de comunicação.

Flavio Valsani disse...

Primeiro, parabéns pelo blog. Sempre é bom ver que alguém utiliza o espaço da web para reflexão - ao contrário da média.
Quanto ao tema, entendo que estejamos num período de transição, mas "marketing viral" é só uma expressão koderninha para mentira e má fé. Com o tempo as pessoas vão perceber o que é lícito e o que não é neste espaço...

Rodrigo Padron disse...

Obrigado pelo elogio, Flávio. Acredito que alguns conceitos como "marketing viral" ainda serão melhor definidos e devidamente explorados nas redes sociais.

Anônimo disse...

Rodrigo, parabéns pelo blog e, reforçando o comentário do Flávio, somente o fato de vc inaugurá-lo com a proposta de trazer alguma reflexão, já o diferncia de grande parte do que existe por aí. Acredito que, apesar dessa zona nebulosa na web 2.0, os espaços onde a informação é tratada com seriedade já hoje se distinguem facilmente.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Rodrigo Padron disse...

Oi Thiago, obrigado pelo retorno. Concordo com vc em parte. Também acho que é possível identificar - em muitos casos - a seriedade e responsabilidade no "tratamento da informação". Mas reforço que, nem sempre, a audiência de determinado programa é medida pela qualidade. Quem manda é o público. Isso acontece na mídia tradicional e, provavelmente, ocorrerá na blogosfera. Aproveito para convidar os leitores deste blog - não são muitos, por enquanto - a acessar o www.saladocafezinho.blogspot.com/

Edu disse...

Cara, como te falei naquele dia do Newscamp, isso é o que ainda mata boa parte das estratégias das agências direcionadas para blogueiros. Acho que a parte mais difícil é identificar a relevância do blog. Boa parte dos que "ficaram famosos" já contam com kits de mídia, mas o padrão segue o mesmo dos meios tradicionais. Como disse a Thiane no dia do evento, os anunciantes estão replicando o modelo convencional - de massa e volume - com os blogs, gastando menos para isso.
Pode perceber que boa parte das iniciativas que envolvem blogueiros levam porradas de todos os lados. Mas consigo ver o lado bom: tem de fazer, mesmo que a iniciativa se mostre errada. E, claro, assumir o erro!

Rodrigo Padron disse...

Oi Edu, obrigado pela visita ilustre. Caro, tenho receio ao adotar como premissa de trabalho o erro para conseguir chegar ao acerto. Entendo que vale aqui uma convocação para novos encontros e debates. Trocas de experiências - ponto positivo para o Newscamp e seus organizadores - nos jaudarão a fundamentar o trabalho. Recomendo a todos a leitura diária de http://perolasdasassessorias.wordpress.com/

Unknown disse...

Rodrigo,
Acho que vc dá algumas respostas quando traz à tona a diferenciação. Qual é o tipo de blog a que se refere? De audiência, de qualidade, de audiencia e qualidade, de nicho, de relacionamento, enfim, os critérios são muitos e a cara do blog que retrata a pessoa já identifica isso.

A rede nos denomina quem somos, lembra? então, acho que a primeira resposta é: há sim possibilidade de usar as mesmas convenções da imprensa, mas não todas!

EXEMPLO: não dá pra fazer errata de opinião, né? mas talvez role caso o post original seja informativo, certo?

porém, não há possibilidade de usar as mesmas convenções da imprensa para todos. isso é essencial para seguirmos outro caminho: o que é novo?

como tratar alguém que conversa e tem poder de opinião? ué, essas referências pessoais já existiam há séculos no mundo offline. como vc as trata? a diferença é que elas PODEM colcoar conversas fora da roda. ou seja, na web. como saber esse limite tenu~e? é um risco. e risco a gente gerencia. como? monitorando, conhecendo perfil e descobrindo quando, como e de que jeito falar com outro. ué, parece que isso é pura RELAÇÃO HUMANA. Mas qual é o papel do RP quando ele precisa falar com outro que é bastante diferente dele, apesar de fazer a mesma coisa?

Rodrigo Padron disse...

Ceila, alguns elementos devem ser considerados aqui. Temos um novo consumidor, com valores e comportamentos bastante evoluídos. Este é um ponto importante a ser estudado. O trato com esta geração C não pode ser empírico, mas fundamentado.

Outra coisa. os RPs, por conceito, gerenciam relacionamentos com líderes de opinião e não com a massa. Portanto, nos cabe a tarefa de identificar os Abelhas e Alfas da blogosfera.

Unknown disse...

perfeito! concordo pleanemente. Identificar é o primeiro passo. e como vc disse muito bem, não se trata de massa. de novo a regrinha da concentração mais uma vez se aplica nos hubs da sociedade em rede, porém, funciona mesmo de maneira absurdamente inversa ao que estamos acostumados... por isso, talvez, seja tão complicado vivermos num país sem hábito de fazer pesquisas e analisar, analisar e analisar ( tomare que essa seja a chance de mudarmos! bjkas e até á próxima!

Anônimo disse...

o que eu estava procurando, obrigado