quarta-feira, 21 de maio de 2008

Por dentro da blogosfera: comunicadores, experts e vendedores

Para tentar entender o enorme e nebuloso ambiente da blogosfera, vamos aplicar algumas teorias sobre disseminação do jornalista Malcolm Gladwell, reveladas em sua obra O Ponto de Desequilíbrio – Como pequenas coisas podem fazer uma grande diferença. O livro, minha inspiração para dar nome a este blog, propõe a compreensão dos fenômenos sociais do mundo e sugere um novo enfoque para a divulgação de pensamentos, produtos ou conceitos.

A partir desta idéia, podemos dividir o universo de blogueiros em três. São os chamados agentes disseminadores: comunicador, expert e vendedor. Eles são capazes de promover idéias – e aqui estamos tratando das redes sociais na internet – com facilidade, como uma epidemia. Você, provavelmente, se encaixará em um deles ou identificará alguém com um dos perfis.

O comunicador pode ser aquele internauta bem relacionado, com acesso e influência a muitos grupos de relacionamento. Enquanto uma pessoa comum mantém alguns círculos de amizade, ele consegue sustentar várias relações e influenciar em todas elas. Além de interferir em suas comunidades, ele também tem acesso a pessoas importantes, figuras-chave de determinados ambientes. É o mesmo que poder ligar para o celular de Roberto Civita para sugerir uma pauta de Veja e aproveitar a ocasião para falar sobre o momento político do país, as eleições nos Estados Unidos ou outro assunto que seja do interesse de ambos.

O segundo agente de disseminação é o expert. Ele é especialista em um ou mais temas. Ele domina amplamente as informações acerca do assunto e conhece as tendências, a ponto de ser chato. Se ele tiver interesse pela área de tecnologia, por exemplo, dominará todas as funcionalidades das principais marcas de celulares, saberá tudo sobre o software, o hardware, a interface com o usuário, política de preços e até sobre aplicativos que podem ser baixados nos dispositivos. Mais que isso: poderá comparar os modelos de diferentes marcas e fazer julgamentos. Ou seja, poderá atuar como um mestre, um orientador para os consumidores.

Por último, mas não menos importante, temos o vendedor. Este perfil pode ser representado pela figura de celebridades, que conseguem impor uma idéia ou conceito apenas com seu nome ou presença. É o caso de artistas, que participam de comerciais, sobretudo, na televisão e conseguem dar suporte para a venda e promoção de produtos. Normalmente, sua influência é sutil, reforçada por seu carisma. É capaz de influenciar comportamentos, idéias e lançar tendências. Uma artista como a modelo Gisele Bündchen é referência para a grande massa de mulheres, interessadas em moda ou não.

Os três estilos idealizados por Gladwell permitem um entendimento um pouco mais avançado sobre o fenômeno das redes sociais e a capacidade de as pessoas se mobilizarem e se engajarem no mundo virtual. Compreender como se comportam os blogueiros é um relevante passo para estabelecer relações confiáveis entre empresas e a blogosfera. Internautas passam boa parte do seu tempo no mundo virtual, mas estão dispostos a consumir no mundo real, de celulares, roupas, carros, perfumes a bens duráveis como imóveis.

6 comentários:

Vitor disse...

Não posso dizer que tenho conhecimento suficiente para contestar ou atestar a favor dos perfis apresentados por você no post. O que, de imediato, me veio à memória, foram minhas antigas aulas de filosofia em que debatíamos as falácias de autoridade. Exatamente as representações de personalidades emprestando sua popularidade para uma causa ou para um parecer positivo de um produto que nada tem a ver com sua atuação artística ou profissional. A partir daí, e fazendo uma relação com a blogosfera, acredito que todos nós acabamos por nos passar por personalidades. Temos autonomia e um veículo cada vez mais influente para publicar o que bem entendemos, com nossa assinatura. É exatamente o que questiono: não seríamos todos vendedores, sem a existência da personalidade nesse meio, partindo do presuposto de que todos temos espaços iguais e o mesmo veículo para comunicar nossas idéias?

Rodrigo Padron disse...

Oi Vitor, obrigado pela opinião. Primeiro gostaria deixar claro que apenas apliquei as teorias de Gladwell na blogosfera. Também quero acrescentar que, na minha opinião, apenas quem tiver conteúdo para partilhar - não precisa ser sério - poderá influenciar alguém ou grupos, mesmo que esta pessoa não se enquadre em um dos três perfis comentados.

Flavio Valsani disse...

Rodrigo,
Concordo plenamente com a questão do conteúdo. Como explicar, porém, aquelas "epidemias" que acontecem inesperadamente e que se espalham como um rastilho de pólvora? Nos velhos tempos da blogosfera eram as banheiras cheias de gelo, o lauril-eter-sulfato de sódio do xampu e tantas outras bobagens. Com o tempo, foram se sofisticando e envolvendo até os experts mais desavisados. Algum dia chegaremos ao ponto em que as pessoas não vão mais deixar o bom senso de lado quando o assunto for internet?

Rodrigo Padron disse...

Flávio, entendo que a sociedade, normalmente, não está preparada para criticar e avaliar o NOVO. Por esta razão, se deixa levar pelas ondas, pelos modismos. Tem sido assim com a mídia tradicional e deverá ser assim também com a internet.

Anônimo disse...

Conteudo é o que manda na nova Web! E o ponto de desequilibrio tem muito conteudo de primeira! Voltarei sempre! Boas clicadas Gil Giardelli
Ps: Linkei-o (sic)

Ihidan disse...
Este comentário foi removido pelo autor.